terça-feira, 16 de setembro de 2008

Efeitos da cafeína no metabolismo e desempenho físico

A possibilidade de se obter benefícios ergogênicos, isto é, uma substância auxiliadora, sempre levantou o interesse de esportistas, treinadores e fisiologistas. Costill e colaboradores testaram a hipótese de que a ingestão de cafeína estimularia a mobilização das gorduras, aumentando e antecipando a sua utilização durante o exercício físico. O significado prático desta hipótese é simples: se a ingestão de cafeína de facto favorece a utilização das gorduras durante o exercício, então a queima deste "temido" combustível seria maior. Em outras palavras, o processo de emagrecimento seria facilitado. Além disso, experiências anteriores com animais e seres humanos demostraram que elevar a taxa de utilização das gorduras durante o exercício de longa duração promove um aumento na capacidade de desempenho. Durante a realização destes estudos, a utilização de gorduras foi promovida através de uma injeção de Heparina (substância com o efeito anti-coagulante), uma substância que estimula o aumento tanto da mobilização quanto da queima de gorduras. Já que a cafeína também é um potente mobilizador de gorduras, foram analisados os seus possíveis efeitos sobre a queima de gorduras e o desempenho.

A amostra deste estudo consistiu de duas mulheres e sete homens, sendo todos os participantes ciclistas bem treinados. Além dos testes que normalmente são realizados para avaliar a capacidade de desempenho, os atletas foram submetidos a dois ensaios. Em um deles, os indivíduos consumiram 200ml de água quente contendo 5 mg de café descafeinado 60 minutos antes do início de uma sessão de exercício em bicicleta ergométrica a uma intensidade que os levaria à exaustão em pouco mais de 1 hora (Ensaio D). Três dias depois, no outro ensaio, estes mesmo indivíduos foram submetidos ao mesmo esforço só que desta vez consumindo 200 ml de água quente contendo 330mg de cafeína, 60 minutos antes do início do exercício (Ensaio C). Esta quantidade de cafeína eqüivale a ingerir 2,5 xícaras de café. Há de se notar que os atletas não foram avisados sobre o propósito desta experiência. Durante os ensaios, foram recolhidas amostras de sangue para efectuar a dosagem da concentração de glicose e gorduras.

Os pesquisadores puderam concluir que, durante o ensaio C, a utilização de gorduras aumentou significativamente em relação ao ensaio D, sendo o tempo levado para atingir a exaustão elevado em 19,5%!

Antes de correr para a cozinha para tomar aqueles cafezinhos, pense nisso: altas doses de cafeína causam alterações no sistema nervoso central e cardiovascular, gerando nervosismo, insónia e até mesmo batimentos cardíacos irregulares. Como se isto não fosse suficiente para intimidar os mais interessados, ou melhor dizendo, desesperados em perder aqueles tão sonhados centímetros, a cafeína em excesso exerce um potente efeito de desidratação. Logo, não vale a pena arriscar a sua saúde na tentativa de acelerar um processo invariavelmente lento. Acelere sim, a sua aplicação aos treinos.

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